A crescente presença da Inteligência Artificial (IA) está transformando profundamente a indústria audiovisual, mas essa revolução não está isenta de questões éticas e regulamentações. Nos Estados Unidos, por exemplo, a greve dos atores é um sinal de alerta para as preocupações com a substituição de atores humanos por personagens gerados por IA, o que torna a pauta um dos principais centros de discussões.
No Brasil, à medida que as ferramentas de IA se tornaram mais populares, as produtoras começaram a explorar seu potencial. Por exemplo, empresas como a O2 Filmes, montaram equipes de pesquisa e desenvolvimento para criar soluções inovadoras, mas os avanços não param por aí – Um modelo de large language model (LLM) está em desenvolvimento para auxiliar na leitura técnica de roteiros e na estimativa de orçamentos, incluindo pós-produção e efeitos visuais. Além disso, a IA é usada para deepface, trocando rostos e alterando vozes.
Allan Lico, vice-presidente de criação e conteúdo na Endemol Shine Brasil, observa que a incorporação dessas tecnologias nas produções requer colaboração e soluções conjuntas. Mesmo assim, a produtora já produziu um reality show para a Netflix espanhola em que a IA generativa desempenhou um papel fundamental.
Entretanto, a ideia de que a IA substitua o trabalho humano ainda é uma lenda, uma vez que a mesma está criando novas demandas por profissionais que combinem criatividade com habilidades nas mais diversas tecnologias. A busca por indivíduos com conhecimento tanto em tecnologia quanto em audiovisual está em ascensão, uma vez que a IA pode gerar conteúdo mais personalizado com base no comportamento do público. No entanto, o desafio é criar conteúdo verdadeiramente inovador, em vez de seguir padrões previsíveis.
Dito isso, observa-se que a IA tem o potencial de ampliar a criatividade e o talento humano, abrindo um mundo de possibilidades. Sendo assim, a chave para o sucesso no futuro será a capacidade de dominar e integrar essas tecnologias de maneira relevante e inovadora.
O futuro da produção audiovisual com o auxílio da IA promete revolucionar a indústria nos próximos anos. No curto prazo, ferramentas maduras para dublagem e sincronismo labial estão a caminho, prometendo uma experiência de consumo de conteúdo mais imersiva e autêntica. No médio prazo, a substituição de atores por dublês digitais totalmente gerados por IA e a “imortalização” de personagens e performances estão no horizonte. Os LLMs serão ainda mais sofisticados, permitindo a reprodução fiel do estilo de um autor ou ator, abrindo portas para a criação de novos episódios e produções no mesmo molde. O futuro da produção audiovisual está prestes a se tornar ainda mais emocionante e inovador com a IA generativa liderando o caminho.